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A beleza está em seus olhos ou em sua perspectiva?

  • Foto do escritor: Leonardo Lacerda
    Leonardo Lacerda
  • 28 de nov. de 2018
  • 3 min de leitura

O que é beleza? O que diferencia algo belo de algo feio?


Muitos podem responder tais perguntas pela sensação que a beleza ou a feiura traz: a “agradabilidade” (no caso do belo) ou o incômodo (no caso do feio).


De fato, as coisas belas costumam atrair a nossa atenção, pois fornecem prazer e satisfação ao que está sendo visto, ouvido, tocado, sentido de forma geral. Tal experiência é percebida a todo o momento em nosso meio, bastando perceber as inúmeras imagens, sons, sensações que transbordam em nossa casa, ambiente profissional e no meio público quando nos deslocamos.


Capas de revistas, telenovelas, filmes, músicas, texturas, sabores... tudo que é comercializado faz questão de exibir as beldades do momento. Perceba como uma novela ou um filme com pessoas atraentes nos fazem ficar mais focados no enredo. Agora, tente se lembrar de algum filme que não tenha usado tal fórmula e busque as sensações que teve com essa experiência.


O belo nos ajuda a viver o presente. Quando sentimos a beleza de algo (objeto, ser vivo, ideia, comportamento..) nos sentimos ligados a este objeto/ideia e desejamos vivenciar aquilo. Um filme que tenta passar essa concepção é A Vida Secreta de Walter Mitty, que mostra uma cena em que um fotógrafo fica aturdido, boquiaberto, sensibilizado pela beleza de um felino raro. E ao invés de fotografar o animal... Não é nossa intenção aqui estragar a surpresa de um filme.


Fazendo um levantamento no Wikipédia sobre a etimologia da palavra BELEZA é possível encontrar um termo grego que passa a ideia de “estar em sua hora/seu momento”. Disso seria possível fazer algumas perguntas:


a) Perceber e viver o momento presente dá satisfação à sua vida?

b) Aceitar-se do jeito que você é lhe traz maior prazer?

c) Ter um tempo para si mesmo é de grande valia?


Qual das hipóteses você crê que mais tenha relação com você? Ou você ainda tem um quarto ou quinto tipo de percepção?


Será que nosso olhar está condicionado a enaltecer o belo? Será possível perceber beleza de origens não tão simplistas como as oriundas de propagandas superficiais da televisão, que apresentam pessoas ditas perfeitas? Pode ser que o padrão de beleza atual esteja te atrapalhando a perceber outras belezas, aquelas que estão sutilmente incrustadas no que percebemos como antítese do belo?


Faça alguns exercícios.


1) Traga à sua memória um(a) colega de trabalho/estudo. Agora responda: o que tal pessoa mostra de belo? E o que tal pessoa guarda de belo?


2) Refaça o trajeto que você costuma tomar para ir ao trabalho ou ao local de estudo. O que há neste caminho que pode embelezar seu dia? Uma flor, um jardim, algum gesto de carinho entre amigos ou amantes? Por acaso você não tem percebido o que acontece em seu percurso?


Interessante notar que o padrão de beleza é também culturalmente e temporalmente construído. Nas sociedades clássicas antigas, na Idade Média, na cultura indígena brasileira, para os esquimós, para os japoneses, a beleza é percebida com nuances diferente e, portanto, com estéticas diferenciadas.


Somos treinados (ou condicionados?) a viver uma vida que valoriza o aspecto racional, herança derivada do campo científico e profissional. Ainda bem que existem os rebeldes desse saber, que não se adaptam a tal verdade e, assim, tendem a viver uma vida com mais emoção. Emoção que possibilita um maior contato com coisas belas e que advém da simplicidade.


Assista ao seguinte vídeo para ter uma percepção diferente sobre beleza, inclusive a própria:



Interessante trazer uma opinião para contribuir com esta discussão, que relaciona estética, sensibilidade e condicionais:


“Por certo não se trata de restringir à beleza, notadamente em sua concepção clássica, a função de uma intervenção no âmbito da estética. O objeto da estética é mais amplo, contemplando inclusive o feio, o grotesco, até mesmo a partir da reconfiguração, relativização e ressignificação do conceito de belo. Considero ‘Estética’ como o estudo de um modo específico de apropriação da realidade, onde destacam-se as questões ligadas à sensibilidade, mesmo que vinculadas a outras formas de apropriação e com as condições históricas, sociais e culturais [...]


Vale sempre ressaltar [...] que a experiência estética não se esgota e nem está somente ligada à sensibilidade, ao sentimento, à emoção, estando também ligada ao conhecimento, ao intelecto, à razão” (MELO, 2002, p. 104-106).


E você, como tem se apropriado de sua realidade? Ela se apresenta mais grotesca ou mais encantadora? O que você tem escondido de belo e que poderia mostrar aos demais, que poderia chamar a atenção dos demais e que poderia fazer a diferença na vida dos outros?

Lembre-se que a beleza nasce do interior do observador (ouvinte, sensitivo) e que sua interpretação da coisa (objeto, ser vivo, ideia, comportamento..) é que confere encanto ou (des)graça.


Que a beleza da primavera exista, antes de tudo e sempre, dentro do seu coração”. Autor(a) desconhecido(a)


REFERÊNCIA:


MELO, Victor Andrade de. Educação estética e animação cultural: reflexões. Licere, v. 5, n.1, p. 101-113, 2002.

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