Julgamentos em sala de aula
- Leonardo Lacerda
- 5 de nov. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 20 de nov. de 2018
Complementando o último post feito, o problema do julgamento também afeta, e muito, o ambiente escolar/acadêmico.
Como debatido, quando julgamos alguém perdemos a capacidade de estabelecer uma ligação com a outra pessoa. E isso nos faz cair na armadilha da primeira impressão.
Como muitos profissionais de marketing dizem: a primeira impressão é a que fica. Portanto, devemos nos esforçarmos ao máximo para trabalhar o primeiro contato e fortalecer nossa imagem.
Tal prerrogativa tem um ponto sábio: o de aproveitar o primeiro momento para mostrar quem realmente é você, ou que vantagens você pode trazer para a outra pessoa. Contudo, quando tratado como verdade imutável, perdemos a chance de crescermos como pessoa por não possibilitar o contato com o diferente.
Também é fato que vivemos uma vida atribulada e cada vez mais rápida, o que dificulta nosso cérebro de assimilar cada informação diferente de forma aprofundada. Isso faz com que com que tenhamos de julgar alguém de forma instantânea, seja pela sua cor de pele, pelas roupas que veste, pela forma como caminhar, pela maneira como falar, por itens que carrega ou pertence, etc.
Além disso, lendo o livro "Mindset, a nova psicologia do sucesso", deparei-me com estudos de uma pesquisadora que identificou duas formas de lidar com as informações externas e como as mesmas são assimiladas internamente pelas pessoas. Em um deles, no Mindset Fixo, as pessoas têm a tendência de julgar os outros, pois se sentem extremamente julgados o tempo inteiro. E observam que o julgamento tem a força de dizer definitivamente, sem margem de dúvida e de possibilidade de mudança, quem ela é.
Veja de forma bem resumida essa ideia de mindsets pela própria autora do estudo:
Dessa forma, ao se sentir em constante julgamento, as pessoas com tal mindset, incluindo suas capacidades e características, se sentem ameaçadas o tempo todo. Isso no ambiente escolar é muito pernicioso, ainda mais quando se trabalha com adolescentes, que estão em fase de constante mudança e de concretização de sua identidade.
E o bullying também pode ser entendido nessa perspectiva, sendo que o que está em jogo é mostrar quem é mais importante ou tem mais valor. Assim, as crianças e adolescentes mais fortes julgam as mais fracas e tomam atitudes diárias para que estas compreendam isso. Portanto, quem comete bullying busca autoestima e status social.
E caso essa agressão aconteça indiscriminadamente e continuamente, quem sofre o bullying pode vir a acreditar que possuem características permanentes e, portanto, se forem rotuladas por algo negativo, assumirão tal característica de forma perpétua.
Para enfrentar essa perspectiva em sala de aula cabe criar um ambiente de Mindset de Crescimento, que podemos entender de forma resumida pela seguinte frase:
“... o que não constitui crescimento é um começo de morte”. Catherine E Rolins
Algumas dicas para isso acontecer:
1. Ao invés de elogiar os(as) alunos(as) por seu talento, inteligência, característica; elogie seus PROCESSOS (esforços, estratégias, escolhas, atitudes) feitos: por ir bem na prova, por ter feito um trabalho completo, por ter trabalhado duro para aprender alguma habilidade, por ter se dedicado com empenho em solucionar um problema;
Observe as frases de exemplo:
Você aprendeu tão depressa! Você é tão inteligente! = Reforço para o mindset fixo (traz a ideia de que se o indivíduo não aprender alguma coisa depressa, significa que não será inteligente);
Ora, acho que isso foi fácil demais. Desculpe por ter feito você perder seu tempo. Vamos fazer alguma coisa cm a qual você realmente possa aprender = Reforço do mindset de crescimento (significa que você estimula o sujeito a ir além de suas capacidades).
2. Explique aos alunos e aos professores sobre a teoria do Mindset. Por vezes, só tomando consciência desse fato já há uma mudança de percepção e comportamento;
3. Estabeleça parceria com demais professores e funcionários da escola/faculdade, realizando palestras, grupos de estudo e aplicação em aula dos conceitos estudados. Quanto mais pessoas estiverem envolvidas no projeto, mais resultados haverá;
4. Por fim, não faça julgamentos, procure estabelecer a curiosidade de saber mais sobre seus alunos, abra espaço para a superação de limitações impostas anteriormente por outros alunos, experiências, espaços e apresente um estrutura de aula comprometida com a construção, fornecendo informações sobre o processo.
QUE TAL FAZER UMAS TENTATIVAS E OBSERVAR O RESULTADO OBTIDO?
POR VEZES, O RESULTADO ESPERADO (POSITIVO) PODE LEVAR ALGUM TEMPO, MAS AINDA QUE SEJA A LONGO PRAZO, SERÁ QUE NÃO VALE A PENA SER FEITO?
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